domingo, 25 de dezembro de 2011

Evidências Acerca da Origem do Comportamento Masoquista

            O comportamento masoquista intrigou muito os psicanalistas a partir do início do século XX, muitas investigações foram feitas. Porém a tendência metafísica das primeiras postulações sobre este comportamento impedia as hipóteses de se submeterem ao teste empírico, impossibilitando o crivo científico.
Com a ascensão do Behaviorismo, e sua metodologia objetiva, as postulações da Psicologia passaram a embasar-se em rigorosos experimentos com animas subumanos. Um desses experimentos foi administrado pelos behavioristas radicais Schoenfeld e Keller, cujo resultado lançou luz sobre o nebuloso problema do masoquismo.
Eles condicionaram ratos a pressionar uma barra para conseguir comida num esquema de reforçamento contínuo. Cada resposta reforçada era acompanhada por um choque elétrico, que não era forte o suficiente para impedir a execução da resposta. Após a resposta de pressão à barra ter adquirido uma frequência estável, os pesquisadores retiraram tanto o estímulo reforçador (comida) como estímulo aversivo (choque) iniciando assim a extinção operante.
Depois do período de extinção, quando a frequência da resposta de pressão à barra estava próxima de zero, apenas o choque foi reintroduzido, o resultado foi surpreendente. A frequência da resposta de pressão à barra cresceu em ritmo acelerado, levando-os à conclusão de que o choque estava agindo como reforçador condicionado. A estimulação aversiva passou a atuar como reforçadora.
Tais resultados dão subsídio à afirmação de que se um estímulo aversivo for constantemente emparelhado com um estímulo reforçador, pode também adquirir uma função reforçadora. Por exemplo, se o contato sexual (reforçador positivo) for sempre emparelhado com estimulação dolorosa (estímulo aversivo), é possível que a dor adquira a natureza reforçadora do ato com o qual foi emparelhada.
Esse processo pode assumir inúmeras roupagens: as estimulações aversivas de um longo período de enfermidade podem ter sido emparelhadas com a atenção, um poderoso reforço social. Desta maneira, no futuro, quando privado de atenção, o sujeito pode provocar em si mesmo as estimulações aversivas que se tornaram reforçadoras por terem sido emparelhadas à atenção.  
O simples experimento de Schoenfeld e Keller nos ensina muito sobre as origens do masoquismo e as várias faces que este comportamento pode assumir. É incontestável a importância da Análise Experimental do Comportamento para a atividade clínica. Procedimentos simples com implicações prodigiosas, assim é o Behaviorismo.

Fonte:
LUNDIN, r.w. Personalidade – Uma análise do comportamento. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária ltda, 1977.

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